É Vantagem Ter Uma Conta Digital Sem Tarifas?

conta digital sem tarifas

Em março de 2016, o governo brasileiro (Conselho Monetário Nacional) aprovou a Resolução 4.480, que facilita a abertura de conta digital sem tarifas bancárias por trabalhadores de baixa renda. Dessa forma, a lei eliminou a necessidade de documentos de identidade físicos ou comprovante de endereço, o que simplifica a abertura de conta por brasileiros que não possuem documento de identidade oficial ou histórico de endereço.  

Desde então, essa nova lei está melhorando a inclusão financeira no Brasil, tornando mais fácil para algumas das pessoas mais pobres do país abrir conta digital sem tarifas. Assim, a resolução 4.480 permitiu que quatro dos bancos menores do país criassem produtos financeiros para trabalhadores de baixa renda, tendo em destaque a conta digital sem tarifas, como contas que podiam ser abertas online ou em aplicativos móveis sem visitar uma agência.

Portanto, a plataforma do BTG Pactual ofereceu depósitos a prazo e fundos mútuos, enquanto outros bancos, para a abertura da conta digital sem tarifas, ofereceram serviços que incluíram transações com cartão e transferências entre bancos. Então, as taxas cobradas pelos bancos também variaram, começando em R$ 2,70 mensais para um número limitado de saques e transferências. Já a Neon ofereceu um número limitado de transações gratuitas. Por fim, a Intermedium na conta digital sem tarifas, ofereceu transações gratuitas ilimitadas, que incluíram depósitos, retiradas, transferências de banco para banco e pagamentos externos.

Como a conta digital sem tarifas começou?

Todos os quatro bancos estavam totalmente operacionais no momento da mudança de regulamentação (portanto, nenhum licenciamento adicional foi necessário) e foram integrados à infraestrutura de pagamento existente no Brasil, a partir da qual deram um salto para alguns novos modelos de negócios promissores ao aderirem a conta digital sem tarifas.

Em consequência disso, um dos bancos, o Intermedium viu suas contas saltarem de 10.000 para 80.000 em apenas 9 meses (março / dezembro 2016). A partir daí, mais de 30% de seus clientes começaram a fazer pelo menos quatro transações por mês envolvendo conta digital sem tarifas.

Mas infelizmente, no Brasil, os trabalhadores de baixa renda podem relutar em solicitar conta digital sem tarifas por falta de conhecimento financeiro. Além disso, muitos bancos brasileiros anteriormente não ofereciam produtos de nicho para pessoas de baixa renda.

Quais os benefícios e obstáculos iniciais das contas digitais?

No início, quatro bancos instituíram ofertas de conta digital sem tarifas, que permitiram às pessoas abrir contas online ou em um telefone celular sem ir fisicamente a uma agência. Por isso, serviços pagos, como crédito, a hipoteca e seguros, geraram receita suficiente para sustentar as operações.

Além disso, as taxas cobradas pelos bancos para conta digital sem tarifas também variaram, começando aproximadamente em R$ 2,70 mensais para um número limitado de saques e transferências.

Também, na época, a conta digital sem tarifas permitia sacar dinheiro em mais de 19.000 caixas eletrônicos. Em que o Original, um dos bancos, investiu US$ 176 milhões na criação de uma plataforma digital para os clientes. No entanto, um grande aumento no número de consumidores digitais gerou mais questionamentos dos clientes, exigindo maior investimento no atendimento dos mesmos. A Intermedium, por exemplo, teve que começar a usar chatbots (simulador de conversação), pois a quantidade de dados de atendimento ao cliente, gerados pelo banco com a conta digital sem tarifas, cresceu 480% em 2016.

Ademais, esse crescimento na base de clientes trouxe uma série de desafios para o primeiro plano, como proteger a segurança do consumidor e como responder às solicitações adicionais relacionadas a conta digital sem tarifas.

Como era o sistema bancário antes da conta digital sem tarifas?

Um dos quatro bancos, o Intermedium, usava o Boleto, instrumento de pagamento que está disponível no Brasil há mais de 25 anos. Onde o Boleto permite que os consumidores paguem contas em dinheiro em qualquer banco e recebam dinheiro em qualquer agência do banco. Outro sistema com 34 anos de existência, o Banco24Horas, permite o saque de dinheiro nas contas digitais em mais de 19 mil caixas eletrônicos. Inclusive, Intermedium, Neon e Original oferecem cartões de débito Visa ou Mastercard.

Visto isso, o Brasil não tinha falta de instituições financeiras, pois no total, o país possuía cerca de 2.000 bancos e credores. Contudo, o setor financeiro estava altamente concentrado em poucas mãos. Em que cerca de 80% de todos os depósitos eram feitos em cinco conglomerados financeiros. Os cinco tinham mais de 15 milhões de clientes cada e controlavam mais de 87% das agências bancárias do país.  

Os negócios gerados pelas mesmas empresas também respondiam por 81% de todas as transações de pagamento no país. A concentração de tanto poder financeiro e a falta de inovação associada a ele, dificultaram historicamente a entrada de outros concorrentes, principalmente os bancos menores.

No entanto, embora o setor bancário brasileiro fosse quase monopolizado, ele não era antiquado. Porque tanto o internet banking quanto os pagamentos digitais têm uma longa história de sucesso no país, embora tenham sido oferecidos pelas mesmas cinco instituições.

Sendo assim, em 2014, o Brasil (população: 210 milhões) foi classificado como o terceiro maior mercado de transações não monetárias do mundo, depois dos Estados Unidos (população: 326 milhões) e da Zona do Euro (população: 340 milhões).

O que são bancos digitais?

Bancos digitais são aqueles que fornecem serviços e soluções baseados na web acessados ​​por meio de desktop, aplicativo de telefone celular ou caixa eletrônico, como serviços de transação simples, pagamentos digitais, serviços de empréstimo e financiamento alternativo, além de finanças pessoais (ou seja, serviços de pagamento de contas e depósito direto de salário), totalmente relacionado a conta digital sem tarifas.

Mas diferente dos tradicionais, os bancos digitais não possuem serviços nas agências, permitindo que os clientes façam suas transações bancárias a qualquer hora e em qualquer lugar, desde que haja acesso à internet. Desse modo, num país como o Brasil, onde as distâncias são uma barreira para a inclusão financeira, os bancos digitais ganham espaço e conquistam milhões de novos clientes com a conta digital sem tarifas.

O país tem clientes suficientes para o banco digital?

Visto isso, em 2019, o Brasil ficou em 5º lugar no ranking dos 20 principais países com o maior número de usuários de internet – 149,06 milhões – e 97% dos brasileiros usaram o celular para acessar a web. Sendo assim, eles passaram em média quase 10 horas diárias online (o Brasil tem um dos índices mais altos do mundo).

E quando se trata de uso de aplicativos, o Brasil ficou em 4º lugar entre os 10 principais mercados em 2019, com 92% de participação. Quanto às principais categorias de apps, os brasileiros são os que mais usam mídias sociais (75%) e serviços bancários (46%). Também, a drástica e imprevista crise da pandemia de Covid-19 desencadeou uma mudança nos hábitos do consumidor e no comportamento online que aumentou ainda mais esses números.

Mas, por mais que vários outros indicadores favoreçam o surgimento das fintech no Brasil, permanece o fato de que os verdadeiros motores da expansão dos bancos digitais são o aumento do acesso à internet e smartphones.

Em que o banco digital ajuda o cliente?

Uma das características mais atraentes dos bancos digitais é a facilidade de abertura de uma conta digital sem tarifas, desburocratizando: não há necessidade de preencher papelada financeira, nem cumprir lista de requisitos. Além disso, é um processo tão simples que leva apenas alguns minutos e é configurado diretamente de um telefone celular.

Outros recursos populares na conta digital sem tarifas são a já citada ausência de taxas e o fato de que os bancos digitais incentivam a economia oferecendo taxas de juros mais altas:

  • Conta gratuita;
  • Cartão de débito e crédito grátis;
  • Transferências de dinheiro e pagamentos gratuitos;
  • Recargas de celular grátis;
  • Conta corrente com taxas de juros mais altas do que uma conta de banco de poupança tradicional;
  • 3% de reembolso em pagamentos via código QR;
  • Taxas de empréstimo mais baixas do que bancos tradicionais.

E em um momento de quarentena e restrições à vida social que vivemos no Brasil e no mundo, os bancos digitais têm mais uma vantagem: os clientes podem resolver todos os seus problemas online.

Qual o impacto dos bancos digitais para clientes e instituições financeiras?

Definitivamente, a ascensão do banco digital mudou a maneira como o consumidor gerencia suas finanças pessoais. O primeiro e mais significativo é o fato de que os bancos não são mais apenas um depósito de dinheiro – os consumidores estão escolhendo o banco digital para fazer pagamentos e transferências, além de ter uma conta digital sem tarifas.

E eles contam com vários canais para fazer isso: plataformas online, aplicativos móveis, caixas eletrônicos, telefone. Entretanto, embora a confiança e o desconhecimento sejam questões de alguma importância para os brasileiros, os bancos digitais estão conquistando cada vez mais clientes entre todas as idades, especialmente adultos de 24-34 e 55-64 anos.

Quanto a outros participantes, as instituições financeiras tradicionais estão percebendo o impacto dessa tendência e investindo em suas próprias startups.

Contudo, os bancos digitais são uma tendência não só no Brasil, mas em toda a região da América Latina. Onde estão contribuindo para o índice de inclusão financeira da LATAM, alavancando o comércio eletrônico nos mercados da região e lideram a maioria das empresas unicórnios latino-americanas.

O que são contas poupança digitais gratuitas?

À medida que o surto de Covid-19 evoluiu no Brasil, o governo foi obrigado a realizar o maior e mais rápido exercício de inclusão financeira possibilitado pela tecnologia no país – e potencialmente no mundo, dada sua escala.

Desse modo, por meio do banco estatal Caixa Econômica Federal (CEF), o Brasil iniciou um programa de ajuda emergencial para 54 milhões de cidadãos financeiramente vulneráveis, que vem recebendo 600 reais por mês desde abril desse ano. Isso inclui milhões de cidadãos que não tinham acesso ao banco, e que receberam uma conta poupança digital gratuita com base no celular.

As contas também foram geradas recentemente para o depósito de FGTS aos cidadãos que não possuíam vinculo com qualquer instituição bancária.

Como essas contas poupança digitais foram criadas?

O presidente Jair Bolsonaro emitiu um decreto presencial na época, permitindo a criação automática de cadernetas de poupança digitais para facilitar o pagamento do auxílio emergencial e um tempo depois do Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço – FGTS.

Sendo assim, 24 horas após o lançamento do site e aplicativo de cadastro de emergências, a CEF já havia processado os pedidos de mais de 25,1 milhões de brasileiros. Em que desse total, 39,3% optaram por abrir a conta digital oferecida pelo banco para receber as mensalidades.

Com base nesse fato, estima-se que 45 milhões de adultos no Brasil, não tinham até então, acesso à conta em banco, porém muitos estão recebendo o auxílio emergencial, batizado de “coronavoucher”, do governo.

Visto isso, a conta digital fornece funções básicas como pagamentos e transferências, mas nenhum cartão físico emitido. Ademais, as cinco principais operadoras de telecomunicações que operam no país – Algar, Claro, Oi, TIM e Vivo – estão possibilitando o acesso gratuito ao aplicativo. A versão Android do aplicativo de registro de ajuda de emergência foi baixada por 21,8 milhões de usuários, enquanto a versão iOS teve 699.000 downloads.

Como está a situação bancária no Brasil?

Embora o Brasil tenha cerca de 2.000 instituições financeiras, seu sistema financeiro é altamente concentrado. Assim, em dezembro de 2014:

  • 78% dos depósitos estavam em cinco conglomerados financeiros;
  • Cada um com mais de 15 milhões de clientes;
  • E, juntos, controlando 87% das agências do país;
  • 93% de suas redes de agentes para abertura de contas;
  • E 81% das transações de pagamento.

Porém, mesmo agora, os cinco maiores bancos tradicionais do Brasil – Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Santander – ainda detêm 82% dos ativos bancários do país, e os consumidores no Brasil enfrentam taxas de juros extraordinariamente altas – chegando a 50% – sobre empréstimos e crédito.

Portanto, esse grau de concentração deixa pouco espaço para a entrada de outros concorrentes no mercado, especialmente pequenas instituições. Mas um mercado concentrado não significa um mercado antiquado.

Baseados nisso, os bancos de médio e pequeno porte, que atuavam apenas em nichos não atendidos adequadamente pelos cinco grandes conglomerados, viram nessa nova regulamentação uma oportunidade de conquistar novos clientes.

O que é fintech?

Como uma junção das palavras finanças e tecnologia, a fintech é uma empresa tecnológica com foco em finanças. Isso significa que qualquer empresa que desenvolve tecnologia capaz de realizar operações financeiras ou gestão financeira é uma fintech. Desse modo, o primeiro exemplo de fintech que tivemos no Brasil foi o Nubank, que trouxe um cartão de crédito sem anuidade totalmente controlado por aplicativo.

Por isso, aplicativos para administração de gastos também se encaixam nessa categoria, unidos com carteiras digitais como o PayPal e conta digital sem tarifas. No entanto, como grande parte deles adiciona gestão de dinheiro e são aptos de operações bancárias – como pagamentos e transferências – eles se enquadram na conta.

Contudo, os sites de ganhar dinheiro online não se encaixam nesta classe. Pois como auxiliam somente no recebimento de dinheiro pelo pagamento de um trabalho, não tem relação direta com a administração financeira.

Que bancos oferecem conta digital sem tarifas no Brasil?

1. Banco Modal Mais

Um dos mais novos entre os melhores bancos digitais do Brasil. Além de sem taxa de manutenção, podendo oferecer tranquilamente uma conta digital sem tarifas, o Banco Modal Mais é bastante vantajoso, pois oferta serviços de transferência e saques gratuitos. Também não há limite para o número de retiradas e transferências grátis.

2. Next

A modalidade conta digital sem tarifas, oferecida pelo Bradesco. Assim, o Next oferta três modalidades de contas, sendo uma delas gratuita. Dessa forma, ao optar por ele você pode conseguir cartão de crédito e débito.

3. Pag!

Outro banco digital que também não cobra taxa de manutenção. Assim como o Next, o Pag! fornece a seus correntistas um cartão de crédito ou débito. Portanto, se você possui outras contas, também poderá se interessar pelo Pag, pois ele oferta TEDs gratuitos e ilimitados, além da possibilidade de gerar boletos de depósito gratuitos.

4. Original

Ao contrário da maioria dos melhores bancos digitais desta lista, Original é uma conta digital voltada para pessoas de alta renda. Sendo uma das poucas a cobrar taxa de manutenção, que custa R$ 9,90 mensais. Por outro lado, o cliente tem retiradas e transferências gratuitas e ilimitadas. Ademais, a Original também emite cartões de débito e crédito para compras e saques em caixas eletrônicos.

5. Neon

Banco digital interessante para quem usa comandos de voz do Siri, pois tem compatibilidade com o assistente virtual do iPhone e iPad. O banco Neon não tem tarifa e ainda traz dois tipos de conta: standard e Neon +.

6. Inter

Na lista dos melhores bancos digitais do país, o Inter é um dos mais prováveis ​​de se ter ouvido falar. Pois a conta digital sem tarifas não cobra por seus serviços. Ou seja, você tem retirada e transferências gratuitas ilimitadas por meio do aplicativo. Além disso, o cliente pode emitir guias de depósito livremente.

7. Agibank

Outra conta digital sem tarifas bem conhecida, o Agibank também não adere a taxas de manutenção de conta. Por outro lado, seus outros serviços gratuitos são mais limitados. E embora a transferência entre contas Agibank seja gratuita, os titulares correntistas podem fazer até 4 TEDs por mês sem custo.

8. Social Bank

Entre as melhores contas digitais do Brasil, o Banco Social é o mais curioso. Dessa lista, ele é o único que permite fazer empréstimos para outros correntistas, com rentabilidade de 2% ao mês. Além disso, também não cobra mensalidade para manutenção e transferências internas gratuitas. No entanto, DOC e TED são cobrados.

9. Nubank

Modo de conta digital sem tarifas da Nubank. Portanto, a NuConta não tem taxas, permitindo transferências ilimitadas e gratuitas para outros bancos. No entanto, é o único na lista dos melhores bancos digitais que não realiza saques. Sendo possível sacar com o cartão de crédito Nubank, mas a taxa simplesmente não vale a pena. Além disso, o NuConta não depende do cartão de crédito. Os depósitos por boleto também são gratuitos e podem ser feitos a partir de R$ 20,00.

10. Sofisa Direct

Finalizando a lista dos melhores bancos digitais do Brasil temos o Sofisa Direct. Onde a plataforma permite que você faça TEDs e depósitos ilimitados – o valor deve ser superior a R$ 100,00. Sua única limitação são os saques, limitados a 4 saques grátis por mês.